Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
1. Quadro jurídico
Na RDC, o sector das telecomunicações é regido pelos seguintes textos legais:
- Lei nº 012/2002 dos Correios;
- Lei-Quadro n.º 013/2002, de 16 de Outubro de 2002, sobre telecomunicações na RDC: esta lei prevê duas estruturas para gerir o sector das TIC, nomeadamente:
– O Ministério dos Correios e Telecomunicações;
– A Autoridade Reguladora dos Correios e Telecomunicações (ARPTC);
- Lei n.º 014/2002, de 16 de Outubro de 2002, que cria a Autoridade Reguladora dos Correios e Telecomunicações do Congo “ARPTC”.
2. Visão setorial do governo
tem. Mink seguindo o Documento de Política Setorial
Os principais Eixos Estratégicos da Política Governamental para o desenvolvimento do sector estão definidos no Documento de Política Sectorial (DPS).
Para atingir estes objectivos, a política sectorial definida pelo Governo assenta nos seguintes eixos estratégicos principais:
- Adaptar e completar o quadro legal e regulamentar do sector, a fim de promover o desenvolvimento de uma concorrência saudável e leal em benefício dos utilizadores e de optimizar a interligação das redes e o acesso às principais capacidades e infra-estruturas;
- Esclarecer os respetivos papéis das instituições do setor e tornar a regulação setorial mais eficiente, nomeadamente ao nível da regulação do acesso e da interligação e da gestão das radiofrequências;
- Adaptar o regime das redes e serviços de telecomunicações, de forma a eliminar as desigualdades de tratamento e as anomalias associadas à não consideração da convergência de serviços;
- Reforçar a função reguladora, de forma a garantir a implementação das disposições legais e regulamentares relativas à concorrência, à interligação e ao acesso;
- Definir e implementar um plano nacional de atribuição e procedimentos de gestão de radiofrequências com vista a optimizar a utilização dos recursos de frequências, eliminar interferências prejudiciais e pôr fim à utilização fraudulenta;
- Racionalizar e clarificar a tributação aplicável ao sector das telecomunicações;
- Desenvolver um plano de implementação do acesso universal cujo objectivo será alcançar os objectivos de abertura;
- Reestruturar os operadores públicos do sector (SCPT e RENATELSAT) no âmbito de parcerias público-privadas destinadas a garantir o seu saneamento e viabilidade a longo prazo;
- Criar uma rede nacional de banda larga que permita aos operadores de redes e prestadores de serviços desenvolver a sua oferta em todo o território;
- Estabelecer o acesso internacional à banda larga, a fim de reduzir significativamente o custo do acesso à Internet e às TIC;
- Estabelecer o quadro institucional para as TIC;
- Informatizar gradualmente todos os serviços do Estado;
- Fiscalizar as empresas e a população na apropriação das TIC.
b. Visão seguindo o Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento
A visão do Governo neste sector é trazer totalmente a RD Congo para a economia digital. Nesta perspetiva, espera-se um aumento significativo do contributo das TIC para o desenvolvimento económico e social do país, beneficiando os players do setor, os serviços públicos e as famílias. Esta visão deverá traduzir-se na melhoria da governação deste sector, no investimento em infra-estruturas nacionais de banda larga, na melhoria do acesso da população às TIC e na mudança da televisão analógica para a televisão digital (TNT), etc.
Até 2021, será colocado em órbita o primeiro satélite congolês, a conclusão de 5.000 km de backbone nacional de fibra óptica e a ligação de 30 milhões de linhas e móveis (redes metropolitanas).
Até 2030, toda a administração pública, bem como os serviços especializados nos postos de fronteira devem ser informatizados e o país deve ter capital humano de qualidade suficiente no domínio das TIC. Até 2050, mais de 50% dos agregados familiares utilizarão fibra óptica e mais de 90% ligar-se-ão à Internet através do telemóvel. A RD.C terá de desenvolver o mercado da robótica (tecnologia digital) e tornar-se-á um importante mercado para telefones, software, videojogos e tecnologia 3D. Espera-se também um crescimento significativo do comércio eletrónico.
Para atingir estes objectivos, a estratégia sectorial a implementar será estruturada em torno de seis eixos prioritários apresentados no diagrama abaixo.
3. Alguns projetos em andamento
tem. O Projeto SNEL
Trata-se de um projecto de reabilitação da rede SNEL e da sua ligação ao Southern Africa Power Pool (projecto SAPMP), devendo ser colocado um cabo terra de fibra óptica (48 fibras) nas linhas de transmissão de alta tensão eléctrica que ligam Inga à Zâmbia.
Dado que as próprias necessidades de transporte da SNEL são limitadas, esta terá capacidade excedentária que planeia comercializar, directa ou indirectamente, aos operadores locais.
b. O projeto regional WAFS
O projecto WAFS (West African Festoon System) é um projecto regional de ligação de banda larga com determinados países vizinhos para ligação à largura de banda de altíssima velocidade e ao cabo submarino SAT3.
c. O projeto CAB5
O projecto CAB (Espinha Central Africana) é financiado pelo Banco Mundial.
d. O programa regional RCIP
Este é um programa do Banco Mundial para financiar, através de parcerias com o sector privado, infra-estruturas de banda larga nacionais e regionais. A RDC é elegível para fazer parte do programa, mas o procedimento deve ser iniciado, o que adia esta possibilidade bastante no tempo.
4. Dados de mercado
Note-se que, em comparação com a demografia da RDC e a evolução do mercado, as taxas de penetração da telefonia e da Internet ainda permanecem muito baixas. Isto constitui uma oportunidade de negócio susceptível de ser explorada por novos investidores.
Gráfico n°1: Evolução do número de assinaturas de telefonia móvel
Fonte: elaborado a partir da tabela nº 1 acima.
Gráfico n°2: Taxa de penetração da telefonia móvel
Fonte: elaborado a partir da tabela nº 1 acima.
A taxa de penetração no final de 2018 era de 42%. Este limiar ainda é muito baixo quando comparado com os dados da UIT (União Internacional de Telecomunicações) onde, em média, é de 127% para os países desenvolvidos, 98% para os países em desenvolvimento e 77% para os países desenvolvidos.
África, da qual a RDC faz parte.
Gráfico n°3: Número de assinaturas de serviços de Internet móvel
Fonte: elaborado a partir da tabela nº 1 acima.
Gráfico n°4: Taxa de penetração da Internet móvel
Fonte : elaborado a partir da tabela nº 1 acima.
A taxa de penetração no final de 2018 era de 16,21% ainda é muito baixa em comparação com os dados da UIT (União Internacional de Telecomunicações) onde em média é de 97% para os países desenvolvidos, 48% para os países em desenvolvimento e 26% para África, do qual a RDC faz parte.
Gráfico n°5: Evolução do número de assinaturas de serviços de dinheiro móvel
Fonte: elaborado a partir da tabela nº 1 acima.
Olhando para este gráfico, vale a pena notar que o mercado monetário móvel está a crescer na República Democrática do Congo.
Gráfico n°6 : Evolução do número de assinaturas de serviços de dinheiro móvel
Olhando para a análise de todos estes gráficos, é de notar que ao longo dos anos a taxa de penetração dos serviços de redes móveis de baixa e alta velocidade (voz, Internet, dinheiro móvel, etc.) tem vindo a aumentar. Apesar desta tendência positiva, o mercado ainda não está saturado e está disponível para novos investidores.
5. Projetos que buscam financiamento
- Construção de uma moderna infra-estrutura nacional de telecomunicações de banda larga;
- Implantação de telecentros multifuncionais em todos os cantos do país;
- Informatização da Administração Pública, serviços especializados e postos fronteiriços;
- Implementação de mecanismos de gestão de pontos de troca de Internet, ou seja, centros de interligação de redes implantados por fornecedores de Internet;
- Hospedagem de servidores de cache do Google em Kinshasa, a fim de contribuir para melhorar o acesso ao conteúdo do Google por parte dos usuários finais;
- O projecto RDC-Ponto de Troca que visa dotar o país de uma infra-estrutura de interligação das redes nacionais.
Fonte: ARPTC e DEP/Ministério do NPTIC